"Solaris" (1972-Andrei Tarkowski)
"Solaris" não se passa no espaço físico, mas no cosmos, entre os vivos e os mortos.
Um verdadeiro contacto se estabelece e que é sempre uma ressurreição. Uma segunda oportunidade para se reparar a pobreza do amor e a injustiça que é o esquecimento.
O oceano de plasma (podia ser o éter ou o espírito do cosmos) sondando o sono dos astronautas convoca o passado essencial dos afectos.
A mulher, que se suicidara dez anos atrás por falta de amor, volta, nas condições de Solaris, para que possa ser resgatada.
O milagre desta aparição é que não a achamos artificial, nem inverosímil. Essa mulher não é uma replicante ( como em "Blade runner" ou na série de "Alien"). É um ser misterioso saído do sono de Kelvin, nem puro pensamento, nem alucinação dos sentidos, incarnado sem ter um verdadeiro corpo.
Como seria a humanidade na eternidade do amor. Com o mesmo olhar com que Brueghel envolve os seus vultos de camponeses absorvidos na sua tarefa diária, guardando rebanhos ou laborando a terra, minúsculas chamas brilhando na neve.
0 comentários:
Enviar um comentário