sábado, 19 de dezembro de 2015

O QUE SABEMOS DO SER PARA PERGUNTAR

Platão e Aristóteles

"Quando a ironia socrática foi levada a sério, quando o conjunto da dialéctica se confundiu com a sua propedêutica, resultaram daí consequências extremamente deploráveis, pois a dialéctica deixou de ser a ciência dos problemas e, em última análise, confundiu-se com o simples movimento do negativo e da contradição. Os filósofos acabaram a falar como jovens da ralé. Deste ponto de vista, Hegel é o resultado de uma longa tradição que levou a sério a questão "que é?", servindo-se dela para determinar a essência, mas que, assim, substituiu a natureza do problemático pelo negativo."

"Diferença e Repetição" (Gilles Deleuze)

Compreender como o perguntar o que as coisas são, que é a pergunta das crianças (o que é isto?), só pode ter um nome como resposta. E sabido o nome, não tem sentido perguntar porquê.

No limite, a cada coisa deveria corresponder um substantivo, duplicação do real pela linguagem. Só haveria diferenças e nenhuma semelhança.

Mas a pergunta do ser não pode descobrir mais do que a semelhança, porque tudo se reduz ao mesmo (o Ser).

"A questão "que é?" anima apenas os diálogos aporéticos, isto é, aqueles que a própria forma da questão lança na contradição e faz com que desemboque no niilismo (...)" (ibidem)

O movimento de ideias que se gerou a partir da oposição platónica entre a essência e a aparência, com repercussões em todos os campos do saber e da experiência, desde as ciências à religião, teria sido possível, então, graças a uma "doença infantil" da filosofia?

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