terça-feira, 29 de dezembro de 2015

A TÉCNICA

(Daniel Kahneman)

" A adaptação a uma nova situação, boa ou má, consiste em grande parte em pensar cada vez menos nela."
(Daniel Kahneman)

É assim com o corpo saudável que, em princípio, não nos deveria chamar a atenção para nenhuma das peças do seu 'mecanismo'. Mas o que distingue o corpo de uma verdadeira máquina é a desadaptação permanente: o meio ambiente e o próprio corpo mudam, constantemente.

A perfeita adaptação corresponderia, assim, à conservação no gelo, em que todas as funções vitais e a própria lei da entropia estivessem suspensas.

Desde a teoria da evolução que as espécies parecem ter sofrido um processo de adaptação que estabeleceu o homem no seu trono planetário e, praticamente, com ou sem divindade interposta, no centro do Cosmos.

E, na medida em que falamos do que não sabemos, a antropologia continua a ser o 'horizonte inultrapassável' de todos os nossos 'estudos celestes'.

A ilusão ascendente da espécie justifica que nunca possamos considerar-nos 'adaptados'. Pelo que só poderíamos pensar cada vez menos na adaptação se delegassemos as nossas preocupações em qualquer coisa que 'pensasse' por nós, num regresso da figura da Providência, tornado possível graças à Técnica. 


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