"(...) por exemplo, para Pascal é claro que a filosofia - entendamo-la como o cartesianismo - é uma forma sofisticada e mascarada de um divertimento."
(Alain Badiou)
Não a contemplação platónica do Bem, nem a 'preparação para a morte' dos antigos estóicos, mas a mundanidade e a aparência das coisas. Foi, no entanto, por esse 'orifício' (o da beleza do mundo, como dizia Simone Weil) que se iniciou a aventura da ciência.
Para Platão a aparência é a ilusão que devemos abandonar na nossa busca da verdade. Descartes endeusa a razão e reconstrói o mundo a partir dela. Mas Kant expõe os limites da racionalidade e a sua inutilidade para desvendar mais do que o mundo dos fenómenos.
Pascal, embora um pensador de génio e um espírito científico nas suas horas, pretende ir direito ao essencial, acessível apenas à fé e ao 'pensamento subtil'. É, contudo, um homem prático e atento às fraquezas da espécie que imagina o célebre 'pari', a aposta numa escolha lucrativa para a alma, independente da fé e do coração.
Isto parece não casar bem com o seu jansenismo e a sua austeridade. Parecia estar a cavalo de dois mundos de uma forma não problemática. Chapeau!
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