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"Que muitos dos refugiados sírios sejam profissionais e homens de negócio não escapou aos analistas e empregadores, e já algumas companhias dispõem de novos aprendizados direccionados aos refugiados. Os instintos humanitários de Merkel podem a longo prazo trazer benefícios materiais para o seu país, tanto quanto a Alemanha seja cautelosa em não alienar os cidadãos em perspectiva, exigindo-lhes em troca a assimilação como preço da cidadania."
Tariq Modood (The Guardian, 16/12/2015)
O multiculturalismo torna-se a prazo um regime de 'apartheid', ou uma 'reserva de índios' (não é essa a lição do judaísmo?), se não houver uma escalada demográfica dos refugiados e dos seus descendentes, caso em que assistiremos a uma nova versão do 'fim do império romano', sem bárbaros conquistadores, mas com os novos Átilas da rede global.
A falta de previsão dos líderes europeus é agora punida com o discurso triunfante da extrema direita. O chamado 'politicamente correcto' que assim expôs as nossas ideias fundamentais, através de um respeito supersticioso do Outro, cada vez mais confundido com as suas franjas fanatizadas, as únicas que têm voz no espaço mediático, levou-nos a esta situação de perigo iminente.
A palavra morta, soterrada nos índices estatísticos da nossa 'qualidade de vida', na nossa demografia extenuada, no nosso egoísmo, é o verdadeiro destilador do 'politicamente correcto'.
O falhanço do 'multiculturalismo' reconhecido pela Alemanha, país com uma população em declínio e, portanto, numa situação mais perigosa, com os 'cucos' a ocupar em pouco tempo a maioria dos 'ninhos', deve ser reconhecido por todos neste tempo vertiginoso. No contexto da guerra mediática global, o paradigma medieval da convivência pacífica entre comunidades com cultos distintos e uma religião dominante tampouco pode ser retomado quanto o califado do Daesh.
E é outra vez um caso-limite para a democracia ocidental. Devem as civilizações morrer, ou apressar o seu fim, em nome de uma maioria?
Para falar só da Alemanha, que tem uma fraqueza, para lá das gerações mais próximas, que é o seu horroroso genocídio em nome de algo que nem merece o nome de utopia que a torna inelegível para a condução dos destinos europeus, incapacidade que se reflecte, num complexo de culpa e na relutância dos seus dirigentes em chefiar a Europa, o 'multiculturalismo' é, de facto, o caminho para o suicídio.
Estamos ainda a sofrer o impacto das ondas de choque da Guerra que ultrapassou todos os limites.
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