"A guilhotina" não era senão um "espantalho que quebrava a resistência" activa. Isso não nos basta. [...] Não devemos unicamente quebrar toda a resistência, qualquer que ela seja. Devemos ainda "obrigar as pessoas a trabalhar" no quadro da nova organização do Estado."
(Lenine, Setembro de 1917: "Les Bolcheviks garderont-ils le pouvoir?"; cit.Stéphane Courteois)
A guilhotina, na concepção do sr. Guillotin, seu inventor, devia ser um instrumento 'civilizado', sem os percalços da decapitação manual por um carrasco. Na linha do progresso industrial nascente. Mas, naturalmente, conservava o seu papel dissuasor de repelente político, como, de certa maneira, o espantalho. O mais importante, porém, era o poder corruptor da guilhotina, o que à primeira vista parece paradoxal. Mas lembremo-nos de que o 'incorruptível' Robespierre que não se podia corromper pelo dinheiro, nem talvez pelo poder, foi, na verdade, integralmente corrompido pela Razão, ou, se quisermos, pela loucura da razão.
A tarefa que se impôs Oulianov revelou-se uma tragédia pelo mesmo motivo. Havia à partida aquela declaração de que o medo (o espantalho) nunca bastaria, porque, ao mesmo tempo era preciso despertar um grande entusiasmo pela construção do novo estado. Esse era o nó do problema. Em vez de entusiastas, depois da sua morte, só se podia contar com os escravos do medo.
Staline compreendeu isso muito bem e, perante a contradição, ficou-se pelo tiro na nuca, ou seja, pelo espantalho.
0 comentários:
Enviar um comentário