Frederico Lourenço (Diálogo com Frei Bento Domingues, 'Público' de ontem)
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"A minha tese é que nenhum dos autores dos 70 livros que compõem aquilo a que chamamos a Bíblia, nenhum, escreveu com o intuito de que nós lêssemos nas palavras deles outra coisa que não as palavras que foram escritas."
Frederico Lourenço
Não posso senão concordar. O 'texto aberto' é uma ideia do século XX. Isso não quer dizer que não seja preciso uma chave, porque, em princípio, o texto é 'inspirado'. Podemos contentar-nos em rodar qualquer outra chave, num sentido ou noutro, mas a 'porta' só se abre no 'estado de graça' e com uma única chave.
Pelo seu lado, o 'texto aberto' corresponde já a um mundo sem Deus, em que o leitor exerce uma espécie de 'direito de escolha', para glória da alma individual. O Deus que corresponde a esta auto-suficiência hermenêutica, na realidade, faz parte do mundo 'profano' e individualista.
É certo que o próprio Jesus condenou a interpretação literal (a dos fariseus), por contraposição da fé. Mas a fé não encontra 'o' sentido necessariamente, e parece não depender dela esse 'milagre'. De certo, só sabemos que a letra está condenada ao fracasso...excepto no caso dos fatalistas.
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