sexta-feira, 26 de junho de 2015

O GÉNIO FORA DA LÂMPADA


Sólon ditando as leis

"Mas, será a natureza rectificada (pela tecnologia) a mesma em que, primordialmente, os seres humanos e as outras coisas vivas chegaram à existência? Se não, por que não poderia o homem, na prática,  prevenir esses resultados antecipadamente?; talvez o homem seja levado por uma força desconhecida."

(Yu Xuanmeng "Heidegger on Technology")

Essa força tem tudo da antiga ideia de destino. Mas esse destino só nos é revelado no fim, ou é um enigma que não somos capazes de decifrar antes. Sólon dizia que só podemos julgar a vida de um homem depois dela ter acabado.

Nesse sentido, a tecnologia que vai mudando o nosso mundo para lá das condições 'primordiais' e tavez - quem sabe? - em direcção a um mundo inviável, é sem dúvida, uma força que ao mesmo tempo nos vai revelando a nós mesmos, com um ímpeto desconhecido na história.

A questão de prevenir o mundo inviável não tem solução, enquanto não controlarmos a força tecnológica e  pudermos simular a realidade. Essa opção talvez nem seja compatível com a democracia, e implica uma filosofia anti-humanista e anti-libertária.

É certamente uma crença a esperança de virmos a, depois de chegarmos a 'senhores' da Natureza, tornar-nos senhores de nós mesmos, impondo-nos um limite à nossa capacidade de auto-destruição e de tolerância às forças desconhecidas que libertamos.

De qualquer modo, o génio já não volta à lâmpada de Aladino.

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