segunda-feira, 29 de junho de 2015

DEUS ABANDONA ANTÓNIO

Alexandria



"Os pacientes têm que ser descobertos - porque eles mentem sempre. Não que o possam evitar, é parte do mecanismo de defesa da doença."

"Balthazar" (Lawrence Durrell)


Ora isto é paradoxal, à primeira vista. O doente sabe que é do seu interesse revelar ao médico toda a verdade. Embora seja a verdade só da sua experiência.

O que ali se diz não é que a doença se defenda, na obscuridade, mas que nós nos defendemos da doença, ignorando-a, tanto quanto é possível, alimentando ilusões.

Todos nós receamos o momento de inumana lucidez, em que, como nos versos de Cavafi, o poeta de Alexandria, "Deus abandona António".

A cena em que Marco António, desertado pelas suas legiões, já sem escapatória, enfrenta o destino nas figuras de Octaviano e Agripa, salva o filme de J. L. Mankiewicz.

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