"A atenção, no seu grau mais alto, é a mesma coisa que a oração. Ela supõe a fé e o amor."
(Simone Weil)
A espécie de atenção que dedicamos, por exemplo, a resolver um problema de matemática, corresponde menos a um esforço mental do que a uma disposição para nos abstrairmos de tudo o resto. E pode ser um treino para a atenção de que nos fala a autora de 'L'enracinement'.
Graças à álgebra e a outras invenções mais modernas, somos capazes de lidar com outros graus de abstracção, sem nos preocuparmos em repensar o nível elementar. Por esse caminho, já nos é possível reparar um aparelho complexo, substituindo um dos seus módulos, cuja composição não precisamos de conhecer. Quer dizer, o que economizamos da nossa atenção vai a par de uma maior especialização abstractizante e de um maior desenvolvimento artificial. Começamos, desde há algum tempo, a ser menos inteligentes do que as nossas máquinas, o que é, aliás, um tema recorrente na ficção científica.
Perante esta evolução, não é estranho que a inteligência 'modular', de montagem' (o 'kit') encontre nos 'media' tecnológicos o incubador congenial.
Claro que isto vem muito de trás. A mecânica do automóvel, por exemplo, permanece um mistério para muitos condutores... O que é novo é a extensão e a velocidade deste uso 'alienado' dos nossos próprios artefactos. O nosso mundo, excepto, talvez, para uma casta perdida no seu babel de especializações, aproxima-se curiosamente da era do paganismo e do seu 'tudo são deuses' (Tales).
Como atravessar a espessa abóbada artificial que nos esconde os astros, para procurar o objecto real que pede a atenção weiliana?
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