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A narração em "Moby Dick" é entremeada duma peroração semi-técnica sobre os cetáceos e as embarcações de pesca.
O drama que se vive a bordo do Pequod e a blasfematória perseguição de Ahab é, assim, constantemente interrompido, desfeito por uma espécie de tratado da Baleia.
Não se descreve com pormenor para preparar a acção, como quando Balzac se detém no aspecto do vale em que branqueja o lírio. Não é o contraponto, com mudança de tempo, entre as cenas de batalha e aquelas, de interior, em que convivemos com os Rostov e os Bolkonski, como no épico de Tolstoi.
Parece arbitrário este casamento entre o romance e o tratado.
Mas não se pode negar que a aventura do Pequod nos surja mais insana quando a comparamos com a racionalidade dos meios.
Como se Melville nos dissesse que podemos sempre, racional e metodicamente, dedicar-nos com a maior eficácia possível à auto-destruição.
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