quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

HELENA

"Helena fora a demonstração viva do teorema ateniense: 'a beleza, pela sua natureza, reina sobre a força.'"

(Roberto Calasso)

 

Será um pensamento 'idealista' o de que a perfeição da forma atrai e desfaz o caos num princípio de ordem?

O caso de Helena pode ser explicado apenas pela luta pelo poder, pelo desejo de conquista, pelo amor da glória? Seria uma peripécia da economia política e da estratégia de 'classes dominantes'? Ou é a 'demonstração' de que um tal desperdício de vidas como foi a guerra de Tróia se ficou a dever a uma loucura 'inspirada', e, no fundo à perseguição de um fantasma? Chegou-se a especular que a mulher de Menelau esteve todo o tempo da guerra no Egipto...

O motivo mais corrente, sobretudo nas guerras do século XX, é o do medo. Mas são guerras em que as tropas não aguentam 'o último quarto de hora' e logo que cessa o estímulo mecânico, pára a máquina militar. No oposto, estão as guerras que a França napoleónica impôs à Europa, em nome dos ideais da Revolução, mas, no fundo, contra o caos da 'revolução permanente', lançando as bases duma nova política 'imperial'.

Não é preciso dizer que as guerras de religião sempre foram as mais radicais e as mais mortíferas e que os 'interesses económicos', salvo excepções, não são para aqui chamados.

É na guerra de religião que, com efeito, se revela esse 'poder' da beleza sobre a força professado pelos Gregos, segundo Calasso. É na verdade ao princípio da ordem perfeita que mesmo os mais fanáticos obedecem. Ao sonho de um mundo sem conflitos, sem divisões 'sectárias', onde reinará, enfim a harmonia universal...


 

 


 

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