"O extravio é a morada aberta do erro. O erro não são falhas isoladas, mas sim o reino (a dominação) da história daquelas ciladas, entretecidas em si mesmas, de todos os modos do extraviar-se."
("Da Essência da Verdade", Martin Heidegger)
Quem sai do caminho certo (da Via) está condenado a errar, cada passo que dê está fora da 'verdade'. Todas as religiões o dizem. É preciso voltar ao caminho. Não há aqui lugar para o caminho de Machado, que se faz caminhando, nem para o bom-senso popular de "quem se mete por atalhos, mete-se em trabalhos".
A invenção do Diabo (o que 'se atravessa') tem a função de estabelecer uma 'jurisdição' maldita. Se se diz que o diabo está nos pormenores é porque ele é o mestre de "todas as ciladas" que se proporcionam a cada passo extraviado.
Pelo seu lado, o Caminho parece estar livre de enganos (Descartes tendo descartado o 'Malin Génie').
Que um pensador tão profundo e influente, como Heidegger, tenha restaurado o Diabo seria caso de grave meditação. Mas se a tremenda figura não fosse mais do que uma invenção da Retórica a qual, no 'discurso da modernidade', segundo Habermas, obtém a primazia sobre a Lógica, poderíamos encontrar na mística do filósofo alemão toda a razão de ser.
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