sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

O INIMIGO INTERNO

 

"Traffic" (2000), de Steven Soderbergh, deixa-nos a pensar na selva que já atinge a nossa porta, mas que alguns podem continuar a ignorar, com alguma sorte.

Xavier consegue, com o dinheiro da sua virtuosa traição, realizar o sonho de oferecer aos miúdos do bairro um rinque de baseball. Mas o chefe do programa anti-droga (nunca tinha visto um Michael Douglas tão humano e vulnerável) revela-se incapaz de continuar o seu discurso optimista e dedica-se a salvar o que resta da sua família.

A pergunta incómoda que ele faz é: como é que é possível vencer o inimigo, se o inimigo está em nossa casa, e é um filho ou uma filha?

É nisso que a abordagem do filme é nova. Não são apenas a produção e o negócio ilícito que fazem o consumidor.

Se 68 milhões de crianças americanas são um alvo para os traficantes é porque a família já não é o que era e desapareceu da primeira linha de defesa.

A decadência prepara assim o triunfo dos bárbaros.

A democracia admirada por Tocqueville e a família puritana podem ler o seu futuro no da República romana.

 

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