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Extraio dum texto de Andreia Brites, em "Os meus livros", esta citação de Tolentino de Mendonça:
"É importante isto que a poesia nos ensina: que estamos sempre no princípio ou no fim e que estamos ainda a tempo, e que no meio de todas as nossas vulnerabilidades é possível a palavra infância. A infância é o futuro do homem e é o futuro da palavra. Não é o sítio que abandonamos, mas é a utopia."
Procurar a utopia dentro de nós e no passado, não no tempo da palavra livre e senhora de si, mas no tempo em que ela se confunde ainda com a natureza, quando o homem mal sabe falar ( in-fans, que não tem ainda o uso da palavra), é bem uma ideia de poeta, porque talvez não exista outra fonte da poesia além da infância.
É também o sinal de que a utopia deixou de se poder pensar em termos políticos e que nunca nos salvaremos todos em conjunto, graças às virtudes de uma qualquer organização social, mas que cada homem tem de encontrar o seu próprio caminho.
E que, como dizia Simone Weil, o futuro não existe, não podemos ter ideia dele nem elegê-lo como modelo. Toda a inspiração há-de vir, pois, do passado, duma idade de ouro da humanidade ou do passado individual, do mais puro desse passado.
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