Berghof, a Casa-Refúgio |
"Hitler impõe aos seus convidados (em Berghof) que acabem de comer o que está nos pratos e proíbe ao 'maître d'hôtel' de os levantar se neles subsistir qualquer alimento."
(Diane Ducret, "Femmes de Dictateur")
Se não fossem as extraordinárias circunstâncias da sociedade alemã, ao tempo, talvez o Führer tivesse sido mais um ridículo tirano doméstico, tentando impor aos mais próximos a rígida obrigação de 'comer a sopinha toda' que, sem dúvida, lhe foi imposta quando era criança.
Desculpem-me a psicanálise barata, mas esta é uma interpretação que vale tanto como outras (como a do pintor frustado, por exemplo). O 'moralismo' pequeno-burguês, como diria o marxismo vulgar, e a escatalogia da sopa, são, porventura, o núcleo mais forte das ideias (ideias com corpo) do ditador germânico a que a humilhação nacional deu a ampltude que se sabe.
Este carrasco de milhões, como outros do seu tempo, não queria a guerra pela guerra nem, por si mesmo, o extermíno racial. Como o que conta são os fins, em homens enlouquecidos por um sentimento ou uma ideia, todas as atrocidades são permitidas.
O encontro de um moralista desta extirpe cujo sonho era ser o garante da pureza da raça superior com o poder absoluto teve os efeitos previsíveis, dados os antecedentes históricos.
E é nos tiques do tirano que podemos perceber como o 'ovo da serpente' teve uma origem banal.
Chaplin acertou em cheio, no "Grande Ditador", ao pô-lo aos pontapés ao globo e a correr de pose em pose como o grande artista que julgava ser.
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