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"Vamos lá, homenzinho, volta-te por um instante das tuas ocupações diárias, escapa por um momento do tumulto de pensamentos... Entra na câmara interior da tua alma, fecha-a a tudo que não seja Deus e aquilo que te pode ajudar a procurá-lo, e quando fechares a porta, procura-o."
(Santo Anselmo: "Proslogion", citado por Karen Amstrong)
Este idealismo não anda longe da matéria. Concebe-se que Deus possa ser encerrado numa câmara, como um gás invisível...
O isolamento da alma parece suficiente para a procura ter êxito, o que está de acordo com a teoria platónica das ideias inatas. Encerrar-se na 'câmara interior' é como apagar as luzes do mundo. A melhor metáfora é a noite. Descobrimos os astros e o infinito quando o sol e as luzes próximas deixam de nos encandear.
Não é só a rotina, as 'ocupações diárias', ou o 'tumulto de pensamentos'. A Natureza reservou o sono para as horas da revelação.
Talvez que nada de realmente importante seja 'adquirido' e que nos baste fazer em nós descer a noite, deixar a larva que trabalha para conhecer a metamorfose na câmara exterior que é uma noite de estrelas.
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