quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

ANTERO

Antero de Quental

 

"Não sei: mas o que é certo é que não há sociedade, por decadente e inferior, onde a virtude não seja possivel: e, se a virtude é o fim último da vida, por conseguinte da sociedade, que não é mais que uma condição para que ela possa dar-se, direi que não há sociedade completamente perdida, completamente inútil, visto que o fim supremo nunca deixa de se realizar. A nós, espiritualistas e estóicos, deve bastar-nos isso. Sejamos nós os que perante o Universo justificam a sociedade em que vivem, por pôdre que ela seja.”


Antero de Quental (“Soldados da Revolução”)


Assim falava um socialista ('espiritualista e estóico') do século XIX. Para que precisava ele de um partido? Tratava-se da salvação individual da sua alma e não de se salvar 'de companhia', como diria Pessoa.

Hoje, confiamos a difusão da 'virtude' às organizações, elas próprias sujeitas aos vícios da burocracia e da corrupção.

Não importa, Antero não encontrara ainda o 'cavaleiro andante' dos seus sonetos ('com grandes golpes, bato à porta e brado'). Pensava que podia atravessar incólume o deserto do país, sem ao menos Sancho Pança, a 'ponte' com os outros da sua loucura.

Onde estão hoje os candidatos a cavaleiro andante? Às vezes, encontro-os nos blogues e noutros impasses...

 

 

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