Katsushika Hokusai
" - Esta vaga, diz o velho, não esperou. Ingratos que nós somos! Este poder do homem, e mesmo de pensar, como é que se ousa descrevê-lo esquecendo a longa sequência dos trabalhos e das ferramentas?"
"Entretiens au bord de la mer" (Alain)
A onda não é nada em si. Tem todo o oceano que a empurra e o sol e a lua.
O instantâneo, a onda isolada, pertence ao conceito. Não há onda, como de resto não há milhões de gotas, nem biliões de átomos. Tudo isso é ordem que vem de nós, é o nosso fio de Ariana, que não muda o labirinto mas permite que nos encontremos.
Como ousamos, pois, esquecer os mortos e os vivos que nos empurram, que pretensão é essa de julgar que somos o ponto de partida de alguma coisa?
A ideia de que cada ser é exterior a si mesmo há-de ser sempre nova, sempre surpreendente e contra a experiência.
O facto é que não nos podemos ver a nós mesmos, nem escapar dos sistemas sem cair no caos.
"Talvez valesse mais dizer que um sistema fechado não tem propriedades; suponho que tal é a ideia escondida, à qual se vai às cegas e apenas por meio da técnica. Ao passo que o entendimento descobre aqui a indivisível relação." (ibidem)
A relação é entre a ideia do sistema e o mundo. Só que, como é natural, tomamos um pelo outro.
0 comentários:
Enviar um comentário