domingo, 29 de dezembro de 2013

A FUNÇÃO DO CRÍTICO

D.H. Lawrence

 

"Nunca confies no artista, confia no conto. A função própria do crítico é salvar o conto do artista que o criou."

(D.H. Lawrence)


Nesta imagem, o artista aparece como uma 'barriga de aluguer'. Ou como aquelas galinhas que comem os próprios ovos. Parece injusto que o 'criador' seja considerado um inimigo da sua própria obra. Estamos longe da metáfora da paternidade...

A justiça que se pode ver nisto é que o artista deve tudo à sua língua e à sua cultura e que, no fundo, não sabe como, por que feliz acaso, de tantas flores tocadas acabou por produzir o seu mel.

Ora, o artista não é apenas uma 'barriga de aluguer'. É natural que ame os seus próprios 'filhos', e de resto, a paternidade natural não pode tampouco reivindicar o pleno conhecimento do que criou.

O que é mais discutível ainda é o papel que o autor de "Sons and Lovers" reserva ao crítico. Porque ele não pode ambicionar a ser mais do que um avaliador da obra pelo gosto da época. Não pode fazer justiça ao processo da criação, a não ser na medida em que pode denunciar uma falsa originalidade. A maldição do crítico é estar sempre fora do tempo de uma obra original. Não saberia 'salvá-la' do próprio criador.

 

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