"La mort de Socrates" (Jacques-Louis David)
"Ora, no próprio momento da sua morte como inocente, Sócrates escolhe a demonstração da sua piedade conscienciosa. Insta Críton a que sacrifique a um novo culto, a uma divindade que deve ter entrado recentemente na religião da cidade. O galo para Asclépio assinala a atenção escrupulosa de Sócrates ao ritual, mesmo quando, ou especialmente quando, o seu contexto é novo e, talvez descurado. "Não te esqueças". As ironias podem ser suaves e profundas. São semelhantes à especulação de Pascal sobre a transcendência: mesmo o mais livre e sábio dos espíritos mortais procura dar um pouco mais de segurança à sua peregrinação. Quem sabe? Pode ser que Asclépio facilite a passagem."
"Paixão intacta" (George Steiner)
Ou talvez seja levar às últimas consequências a pedagogia socrática. Se escolheu morrer segundo as formas, acatando a lei, mesmo se a sentença foi injusta, a piedade é aqui, não um acto privado - do homem perante Deus, conforme o modelo do cristianismo -, mas religioso, porque público.
Parece-me que a hipótese pascaliana é uma retroprojecção abusiva.
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