domingo, 9 de agosto de 2015

CONCLUSÕES E MEDIDAS A TOMAR


Flaubert


"A inépcia consiste em querer concluir."

(Gustave Flaubert)


As conclusões são precisamente a parte mais importante de uma reunião política. Elas, e as 'medidas a tomar', sobretudo, entre a velha esquerda, são uma espécie de 'démarrage' indispensável para se distinguir da justamente desprezada 'conversa de café'. No "Homem Chamado Sexta-feira", Chesterton põe o 'Cérebro' dos anarquistas a discutir, a concluir e a distribuir tarefas num restaurante frequentado e usando a linguagem sem qualquer rebuço. Falar abertamente da bomba era, para 'Sunday', a melhor protecção.

Uma verdadeira conversa 'filosófica', pelo contrário, não procura um desfecho que remeta cada um ao seu lugar, numa qualquer relação de forças, seja ela de ordem intelectual.

Donde a inépcia filosófica seja uma das condições da prática política. Porque aqui se conclui e decide permanentemente, tomando os meios pelos fins e julgando todos os outros, políticos e não-políticos, sob categorias como 'adversário', 'apoiante', 'indeciso a convencer, e, fazendo surgir entidades estatísticas e abstractas, apoiadas em coisas como médias e sondagens para justificar a 'praxis' do seu partido ou a do seu governo.

É ainda do grande autor da 'Bovary' esta outra citação: "Um homem que julga outro é um espectáculo que me faria morrer de riso, se não me condoesse."

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