"Um homem não pode ser inteiramente activo, se em parte não for contemplativo; e, também, inteiramente contemplativo, se em parte não for activo."
("The Cloud of the Unknown")
Esta é uma verdade que hoje parece incontestável, se a actividade for entendida como trabalho ou prática rotineira. Assim, diz-se de alguém que passou à reforma que já não pertence ao número dos activos. E a rotina alimentar com tudo o que ela involve, e as outras tarefas que pelo menos ao homem civilizado impendem, bastariam para fazer do puro contemplativo uma espécie de unicórnio.
Não é esse, naturalmente, o sentido que o autor anónimo da 'Nuvem do Desconhecido' atribui à palavra 'activo'. O que ele quer dizer é que não basta ao que se entrega à vida de monge (como ele se entregou) orar sem descanso para, porventura, conhecer algo de parecido com o êxtase, que acabaria por ser um fim em si próprio, não muito diferente da experiência alucinatória que nos nossos dias tantos procuram mediante um acto de compra e venda.
O nosso cartuxo aconselha, não certamente o empenhamento político que conhecemos, mas um movimento de amor que, ele só, como um activismo místico poderia 'conhecer' Deus. Este conhecer não seria passivamente fusional mas teria acesso ao que não pode ser pensado, assim se distinguindo o pensamento da 'verborreia' pseudo-filosófica.
Uma ideia em que a anti-filosofia de Wittgenstein se poderia filiar...
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