https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/09/Pieter_Lastman_-_The_Angel_of_the_Lord_Preventing_Abraham_from_Sacrificing_his_Son_Isaac_-_WGA12483.jpg |
"Os Hebreus não falam de sacrifício neste caso, mas de 'akedà', atadura.
(Erri De Lucca, "Nocciolo d'oliva")
O 'sacrifício' do filho, Isaac, pedido por Deus a Abraão, repugna à sensibilidade moderna, mas já foi um costume arcaico. Na Bíblia há menção de um sacrifício humano, e o próprio Cristianismo assenta num sacrifício tornado simbólico. É provável que a prática dos Romanos, entre outros povos, de 'oferecerem' certos animais aos deuses, seja um vestígio de antigos rituais envolvendo vítimas humanas.
Mas o caso é que o ritual do Monte Moriah, segundo os Hebreus, era, na verdade uma 'atadura', que podia significar uma astúcia do patriarca 'visionário' (teria sido numa visão que Abraão recebeu a ordem de Jeová). Aqui conoto a corda que amarra Isaac com o laço com que Abraão pretendeu ligar Jeová à sua nação. A responsabilidade (noção demasiado humana, hélas) por um crime inaugural seria uma espécie de seguro de vida para a descendência israelita.
Só que no momento em que se preparava para afundar a faca nas entranhas da vítima pré-disposta, o velho lobrigou um carneiro nos arbustos e a ideia da substituição veio-lhe à cabeça como um raio salvador. O anjo não encontrou nada para dizer e Jeová não se fez ouvir. A visão do sacrifício foi anulada pela visão da substituição de Isaac pelo animal.
Jeová não caiu no laço, mas a 'atadura' ficou.
0 comentários:
Enviar um comentário