Franklin Roosevelt |
"(...) era tempo de o país se tornar bastante radical pelo menos durante uma geração."
(Franklin Roosevelt, citado por Martin Gilbert)
Esta declaração estava à altura das circunstâncias (a Grande Depressão do final da década de 1920). Não foi proferida por um radical, nem por um político imaturo. Frisando que, nem por se ter de adoptar, temporariamente, uma política que forçava os cânones do 'american way of life', a liberdade individual, tal como a entendia a maioria da nação, a tradição democrática estava em causa. Como disse na altura, "A história mostra-nos que onde isso (a radicalização) acontece de vez em quando, as nações salvam-se da revolução."
Por detrás deste radicalismo, não está, como se compreende, nenhuma ideia de 'parto histórico', mas uma analogia, podemos dizer, milenária, com o que se passa no corpo doente. O sofrimento imposto pelo médico é muitas vezes o único caminho para a cura. Roosevelt, ele próprio um grande enfermo, conhecia o perigo de uma eternização do 'sacrifício' ou do radicalismo que se auto-alimenta. Mas também conhecia a nação americana.
Mais tarde, no final dos anos 40 até meados da década seguinte, outra infecção, esta de carácter vincadamente retrógrado, pôs a democracia em perigo. O Macartismo deixou marcas profundas e mostrou que a democracia não se defende apenas com boas instituições e uma cultura solidamente estabelecida.
O que se tem passado no nosso país é esclarecedor do efeito devastador de um radicalismo apoiado por uma conjuntura de interesses, no fundo anti-democráticos, em que os doutrinários mais ingénuos fazem a triste figura de quererem ser 'mais papistas do que o papa.'
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