Talleyrand |
"A palavra foi dada ao homem para disfarçar o seu pensamento."
(Talleyrand)
Isso é evidente num diplomata, e é a melhor maneira de regular as relações entre estados, pela arte, em vez de o serem pelas emoções.
Mas uma consequência desagradável desta arte se estender ao domínio privado, é a de que toda a conversação deveria levar a um mortal aborrecimento.
O guião desses exercícios palavrosos seria sempre o de evitar a sinceridade, e toda a invenção por pouco que pudesse ferir a susceptibilidade dos outros. A aristocracia decadente é o melhor exemplo. Por isso o abade Pirard provoca o escândalo no salão do Marquês de La Mole ("Le Rouge et le Noir") com o seu amor à verdade e à justiça. Alain disse tudo o que havia a dizer sobre isso. A minha desculpa é que, hoje em dia, quase ninguém o lê.
Toda a crítica da diplomacia fora da política (mas onde acaba esta?) segue esta linha. A palavra não mudaria a opinião das pessoas, talvez por este 'politicamente correcto' 'avant la lettre' a ter deixado exângue.
Mas, recentemente, um estudo americano veio apresentar uma conclusão um pouco diferente. As pessoas podem não ligar à mensagem, mas dão importância ao mensageiro.
E isto faz todo o sentido. A fortaleza das nossas opiniões mais firmes, e até dos nossos princípios, não desce facilmente a ponte levadiça, perante as ameaças 'catalogadas', que se anunciam de muito longe. Mas a pessoa é única, não se sabe por onde é capaz de ter acesso ao nosso 'tesouro'. É ela o verdadeiro 'Cavalo de Tróia'.
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