sábado, 6 de dezembro de 2014

AS REGRAS DO JOGO

Karl Marx (1818/1883)

Quando se procuram os responsáveis por uma situação de injustiça que nem todos os implicados sentem como tal, porque estão demasiado longe do drama ou porque se protegem com efabulações justificadoras, deparamo-nos com uma espécie de necessidade, como a que rege os fenómenos naturais, mas que, por se verificar nas relações humanas, ao mesmo tempo se parece muito com um jogo. Algo que se poderia abandonar a qualquer momento, mas cujas regras não dependem do indivíduo.

A melhor definição deste paradoxo, se não estivesse tão desvirtuada pela sua generalização, é a de sistema.

Tal como Marx o estabeleceu, o capitalismo funciona como um tal sistema, com as suas leis (ou regras do jogo), impondo-se aos vários protagonistas, independentemente da autonomia que cada um pense ser a sua e da importância que se atribua (como na fábula da mosca e da carruagem).

Mas a injustiça dum sistema é mecânica. É uma ofensa que não nos é dirigida pessoalmente. A verdadeira injustiça, a que nos atinge mortalmente tem um rosto.

Os sistemas têm uma particularidade notável. Tornam-se injustos e caducos logo que se descobre que não são necessários.

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