"Achava que se os apóstolos tivessem saído à rua a pedir consenso a gente nem teria sabido que houvera uma coisa chamada cristianismo."
(José Cutileiro sobre Margareth Thatcher)
Rupturas, há-as boas, que correspondem a uma nova forma de ver o mundo e que anunciam um novo consenso, e há-as más que levam a becos sem saída ou a catástrofes sociais e que nunca chegam a ser, realmente, consensuais.
A economia de casino saiu da fé de políticos como Reagan e Thachter em economistas como Friedman e filósofos como Hayek (o livro deste último, "The Constituition of Liberty", segundo o filme de Phyllida Lloyd, foi brandido aos seus ministros pela 'Dama de Ferro' como a bíblia do seu governo) que é de uma craveira incomparável com a do seu discípulo, Milton Friedman. A sua teoria da ordem espontânea está longe de ter sido refutada pela vaga de desregulação do capitalismo que nos levou à crise actual.
A teoria do filósofo austríaco declara que tal espécie de ordem resulta da acção humana, mas não do desígnio humano, o que significa que tanto os nossos erros, as nossas ilusões, ou os nossos hábitos e instintos como as opiniões 'certas', ou as doutrinas mais 'realistas' são artífices dessa ordem sem sujeito.
Os seus aplicados seguidores na política, fizeram de uma ideia complexa (tal como outros tinham feito com a tresleitura de Darwin) uma tosca alavanca para o pseudo-enriquecimento geral e para a blindagem do capitalismo contra qualquer 'desígnio', mesmo espontâneo, da política e do Estado.
Thatchter, sabe-se hoje, estava rotundamente enganada. A sua 'ruptura' em vez de imitar o cristianismo e de nos fazer a todos prosperar, semeou o desespero e a miséria.
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