(Jürgen Habermas) |
"(...) só agora o 'pathos' da auto-afirmação se torna a principal característica de uma subjectividade que domina a modernidade. Na filosofia da última fase irá substituí-la o 'pathos' do deixar-ser e da servidão."
(Jürgen Habermas sobre Martin Heidegger)
Diz o filósofo de Düsseldorf que "a viragem é de facto o resultado da experiência com o nacional-socialismo, portanto da experiência com um acontecimento histórico que em certa medida 'aconteceu' a Heidegger."
Uma metafísica tão elaborada revela, afinal, a sua impotência para lidar com a 'verdade' do acontecimento. E é como se esperasse a irrupção traumática da história moderna para desencalhar e definir um rumo que, ao fim de contas é um deixar-se ir. Pois o que é que sabemos do Ser para fazer uma verdadeira escolha?
A Força, ou as forças, como dizia Alain, é que agora fornece(m) o sentido, na falta de resposta do 'Sein'. A tentação de comparar a 'mecânica' com a iniciativa histórica era demasiado forte para que o novo reitor de Freiburg deixasse fugir a oportunidade de a 'recuperar' nos termos da sua própria filosofia. A originalidade dos acontecimentos funestos não é menor do que a dos fastos. Daí a ver-se neles um acto criador é um passo que se dá facilmente, sobretudo quando a serpente ainda está no ovo.
Por isso, não podemos considerar Heidegger apenas como um caso de mais um intelectual seduzido pelo poder e pela 'acção'. Tanto como não é lícito definir o Platão aristocrático pelos sarcasmos que dirigia à democracia.
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