Albert Camus |
"A maior economia que se pode realizar na ordem do pensamento é aceitar a não-intelegibilidade do mundo e ocuparmo-nos do homem."
Albert Camus ("Carnets")
É a famosa tese do absurdo. Mas vejamos, ficaremos melhor se considerarmos o mundo como absolutamente estranho e fora da nossa compreensão (o que não deixa de ser uma espécie de aposta pascaliana invertida, porque exclui a 'salvação' mesmo sendo o mundo ininteligível)?
Não sabemos "donde vimos", nem "para onde vamos" (as perguntas do quadro de Gauguin), como poderíamos senão ocuparmo-nos da 'passagem'? O não-inteligível resulta de não termos respostas para essas questões. O que temos é a inteligibilidade de um percurso, no fundo, de uma história que contamos a nós mesmos.
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca... "
A única salvação cuja crença está ao nosso alcance é aquela que dá sentido ao mundo dos homens. Quanto ao 'resto', que é o essencial na perspectiva filosófica, ninguém é salvo, nem ninguém é condenado. Camus diz que nem sequer é inteligível.
Compreendemos o nosso mundo através da Criação, porque o criámos. A inteligibilidade não pede menos do que isso.
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