Mapa-mundo de Ptolomeu |
"(...) a ideia de que as nossas mentes são susceptíveis a erros sistemáticos é agora comummente aceite."
(Daniel Kahneman)
Mil vezes justificada, por isso, a prudência nas nossas opiniões. O caso do homem que pensa melhor se estiver sentado do que de pé, controlando o equilíbrio, ou à sua vontade do que agarrado à pega de um autocarro apinhado, não o torna especialmente sujeito a 'erros sistemáticos'. Mas fazer parte de um grupo com grande carga identitária, que tem de tomar decisões, pode equivaler a enfiar um capacete com inúmeras ligações ao seu contexto grupal, situação mais do que propícia àquele tipo de erros. Veja-se como, por exemplo, na religião católica, a oração privada e o diálogo interior directamente com Deus, foram a melhor resposta ao constrangimento do grupo e a prevenir os erros de 'capacete'.
De resto, a humanidade pôde viver com um erro sistemático como a astronomia de Ptolomeu, durante séculos, sem inconvenientes de maior. É óbvio, porém, que não poderíamos viajar no espaço, continuando a sustentá-lo. Um Júlio Verne ptolemaico, no entanto, não teria qualquer dificuldade em escrever romances de ficção científica.
A actual falta de certezas absolutas da ciência teórica é, assim, mais do que natural. Mas a parte do mundo que 'sabe' que está certa, ou de que a fé no seu deus lhe garante essa certeza, continua a ser o maior paiól da história.
Mas essa não é a única ameaça. Os 'erros sistemáticos' no nosso mundo 'incerto' atingem proporções globais, ultrapassando a habilidade dos 'aprendizes de feiticeiro.' Daí, que não haja ainda suficiente incerteza, sobretudo, nos 'influentes'.
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