Júlio César |
Leio num resumo da história de Portugal para o turismo que D. João II, dito o Príncipe Perfeito (...) "fez executar o duque de Bragança em Évora, e apunhalou o seu cunhado em Setúbal 'sem palavras inúteis".
Compreende-se que uma ordem 'divina' seja cumprida sem argumentos desnecessários. Antes de ser apunhalado pelo real cunhado, já o cunhado estava morto. É esta 'limpeza' sem nódoas de consciência que causa, admitamos constrangidos embora, uma certa admiraçâo. É como a 'blitzkrieg' dos nazis, nos primeiros tempos da guerra, ou como o movimento de outros chefes militares, sobretudo da Roma antiga, em que Hitler, decerto, se inspirou.Júlio César sabia do medo que inspirava no inimigo a metáfora do relâmpago: "veni, vidi, vicit".
O título de Príncipe Perfeito vem, evidentemente, de Maquiavel, um homem que pôde analisar a política e a guerra como um puro jogo.
Pessoa há-de trazer-nos ainda um eco dessa admiração pela falsa grandeza (como diria Simone Weil) na 'Mensagem'.
Como se o rei fosse, de facto, a personalificação de um 'desígnio nacional', prenúncio de uma época decadente em que o monarca absoluto pretenderá identificar-se com o Estado, com dispensa do respectivo desígnio.
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