"Salazar telefona ao governador do Banco de Portugal, para que ele lhe passe um cheque de 420 dólares."
(Diane Ducret "Femmes de Dictateurs")
É para o anel que vai oferecer a uma jornalista francesa, Christine Garnier, com quem se enamoriscou durante uma entrevista. Tinha ele então 62 anos. Não é curiosidade mórbida por parte de Ducret. Há fotografias reveladoras de que houve um seduzido e, talvez, até sedução mútua.
Esta imagem de Salazar descola nitidamente do mito de austeridade e afastamento do 'mundo' (em primeiro lugar, o do dinheiro e o das mulheres 'perigosas' que o desviem do seu 'verdadeiro destino'), mas foi uma descolagem tão rápida e inesperada que não beliscou o mito do monge das finanças sacrificando tudo à causa.
Naqueles olhares enviados para o mesmo horizonte do forte de S. António da Barra, Cupido, que nunca foi historiador, fartou-se de fazer caretas ao voto irrevogável do 'grande homem'.
Mas tudo se resolveu dentro da ordem, com a obrigatória cena de ciúmes em França e o escriba dos anais encerrando o parênteses. Uma veleidade amorosa em idade tão provecta até humaniza um pouco a vida noesse claustro voluntário do poder.
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