sexta-feira, 11 de julho de 2014

A METAFÍSICA DA CARNE

(Miguel Ângelo)

 

"O amor vai sempre para a perfeição, e vem sempre da liberdade."

(Jules Lagneau)


E, no entanto, é natural apontar o amor de mãe como o ideal do amor. Seria esse amor tão incondicional se não houvesse uma quase indistinção entre o amor e o seu objecto?


Mas vemos que essa indistinção devia impedir o novo ser de alcançar a sua perfeição própria. Já todos ouvimos falar de mães excessivamente protectoras, de mães 'sufocantes'. É que o preceito de Lagneau não é aqui observado. A liberdade tem de ser tanto de quem ama como de quem é amado. Ama-se a liberdade do outro, superando todo o estado 'fusional'.

A natureza nunca deixa de estar presente, mas, num segundo tempo, 'superada', como diria o hegelianismo.

Parece então verdade que há maior perfeição no 'deixar crescer' do que no sentimento total de amar 'a carne da própria carne'. A liberdade é a coroação do amor, e mesmo uma mãe precisa de sentí-la.

 

 


 

 

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