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"Era óbvio que os lucros obtidos nâo passavam de dinheiro emprestado pelo destino, com um prazo de devolução aleatório."
(Nassim Taleb, "O Cisne Negro")
No casino-casino, o 'dinheiro emprestado pelo destino' é quase sempre devolvido pelos viciados no jogo. No casino da alta finança, é também devolvido, mas não pelos que arrecadaram os lucros ou se locupletaram com os bónus milionários em empresas que já à altura estavam, com toda a probabilidade, falidas (se não estavam à altura, o 'destino' condenava-as num futuro próximo).
É que estes jogadores descobriram, entretanto, que podiam também ganhar dinheiro com o seguro dessas 'chicuelinas' com o destino (como nos famosos 'swaps').
O cinema americano, nos anos setenta, mostrou-nos como a mudança dos costumes estava a aplanar o caminho do capitalismo. Nesse tempo, a troca de casais por uma noite ou um fim de semana era o último grito da 'revolução sexual'. Na verdade, era mais um pedaço de muralha que desabava no sistema geral da mercadoria, como diria o profeta de Trier.
Agora, pareceu normal aos economistas do casino que quem 'faz o mal e a caramunha' possa fazer a maioria dos contribuintes pagar por isso, graças à completa subversão da instituição seguradora.
Pode ser passada a certidão de óbito do investidor que 'arriscava para petiscar'. Os grandes investidores são demasiado grandes para correr riscos. Com o definhamento da industria no Ocidente, é o jogo financeiro que dita a lei, mas com guarda pretoriana.
Quando 'os mercados' nos acusam de 'gastar o que não temos' dão prova de grande cinismo. Afinal, não temos porque eles é que ganharam a guerra financeira que nos empobreceu.
Os americanos, no fim da Segunda Guerra Mundial, foram capazes de ver para além do Potomac, o rio da sua aldeia, e reconhecer o interesse americano na reconstrução da Europa. Os seus sucessores e os sucessores dos 'assistidos' na altura parecem pensar que encontraram a fórmula para ganhar sempre, fazendo do seu umbigo o centro do universo.
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