quarta-feira, 31 de julho de 2013

DESCRIAÇÃO

George Steiner

 

"Para ele (Wallace Stevens), como para Schopenauer, 'a realidade moderna é uma realidade de descriação'."

"A Poesia do Pensamento"

(George Steiner)

Não se trata, decerto, da 'descriação' no sentido em que Simone Weil, na sua última fase, a entendia: como uma 'retirada de Deus' da sua Criação. Com este afastamento, nascia a 'liberdade' do homem. Num gesto de um orgulho quase luciferino, Simone responde a esta 'dádiva' absoluta com o auto-aniquilamento.

Não, a descriação 'moderna' é uma espécie de conquista (ainda o optimismo dos iluministas), pelo esvaziamento, do mito da Criação, comum à maioria das religiões.

Através da ciência e da tecnologia, o homem moderno cometeu-se a tarefa demiúrgica de ir dando sentido ao mundo. O gerúndio impõe-se porque a ciência já deixou a fase da primeira ingenuidade e é constrangida a uma permanente auto-crítica, que não é ainda o pleno reconhecimento dos seus limites, mas que o pressupõe.

 

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