Roland Barthes (1915/1980)
"Ficção de um indivíduo (qualquer Sr. Teste às avessas) que abolisse em si próprio as barreiras, as classes, as exclusões, não por sincretismo, mas apenas por libertação desse velho espectro: a contradição lógica.
(...) Este homem seria a abjecção da nossa sociedade: os tribunais, a escola, o asilo, a conversa mundana, transformá-lo-iam num estranho: quem é que suporta sem vergonha a contradição? Ora este contra-herói existe: é o leitor do texto, no momento em que experimenta o seu prazer."
"O Prazer do Texto" (Roland Barthes)
A leitura do texto não é a leitura com vista à informação ou à erudição. É inútil. É perversa ( o prazer é a-social, diz Barthes). Corresponde a um desvio da ferramenta, só pelo gozo disso.
Nesse acto, isolamo-nos, prescindimos soberanamente dos outros e, com isso, são as regras do diálogo e da comunicação que ficam suspensas. Os autores são chamados a um simpósio onde não existe a preocupação de qualquer unidade ou lógica, em que os tópicos da saúde e da política perdem toda a actualidade e nenhuma lei se faz sentir.
Em que "se faz entrever a escandalosa verdade da fruição: que ela poderia ser, se abolíssemos todo o imaginário da fala, neutra."
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