Lenine |
"Em seguida, censurava Mach por não ter feito fincapé em que só as três dimensões do espaço podiam verificar-se experimentalmente. As matemáticas podem explorar a quarta dimensão e o mundo do que é possível, e isto é bom, escreveu Lenine, mas o czar só pode ser derrubado na terceira dimensão!"
(Rolando Astarita sobre "Materialismo e Empiriocriticismo" de Lenine)
Pode discutir-se se Gaspar, o 'omnipotente' ministro das finanças, foi derrubado ou levado a demitir-se. Mas uma coisa parece certa: isso não aconteceu só na terceira dimensão.
O ex-ministro era o espírito incarnado de uma quimera a que puseram o nome de Troika. Não era a letra, mas o espírito: por isso seguiu em frente, logo de início, com a veleidade de mostrar independência: ir mais além do que a dita.
Correu-lhe tudo mal por causa da doutrina e do seu modelo matemático que, evidentemente, não podiam ser 'tridimensionais'. O 'czar' (a crise, neste caso) não foi derrubado. Mas houve uma tentativa, só que na dimensão 'ideológico-matemática'.
No final, com uma modéstia que deixa transparecer o imenso orgulho do grande técnico que dizem que é, admitiu um único erro: devia-se ter começado pela reforma do Estado. O modelo continua válido e a ideologia também. Mas a decisão política (que cabia ao primeiro-ministro) falhou.
Está bom de ver que o salvador só devia ser chamado depois de 'arrumada a casa'. Mas um natural 'horror ao vazio' ou à inactividade, levou o imaculado Gaspar a precipitar-se, ou, por outras palavras, a 'pôr a carroça à frente dos bois'.
Confesso que não sei muito bem o que nalguns fonadores quer dizer a expressão 'reforma do Estado'. Mas suponho que, no fundo, o que querem dizer é que se devia ter começado pelos despedimentos massivos na função pública, numa grande operação de 'requalificação', e por cortes ainda mais brutais nas pensões, menos do que remediadas, da grande maioria dos pensionistas. As 'reformas douradas' pesam, sobretudo, simbolicamente...
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