"A invenção do dr. Guillotin funcionou pela primeira vez em 25 de Abril de 1792. Ela substituía para todas as classes o machado ou a espada, reservados à aristocracia, a forca ou a roda para o povo."
(nota da tradução de "La mort de Danton" de Georg Büchner, por Michel Cadot)
O carrasco passava a ser um mero assistente da máquina, não lhe sendo exigida nenhuma força ou destreza especiais. A guilhotina não podia falhar. Podia-se controlar ao segundo o instante da morte. Nisso, parecia mais civilizada do que o machado ou a corda. Nada de obscenos estertores, nem de macabra pedagogia. Por isso o seu inventor foi considerado um filantropo.
Mas, sobretudo, a guilhotina era o símbolo da nova igualdade perante a Lei. Nenhum direito ou costume podiam subtrair o condenado à doutrina da Razão que investia o poder revolucionário. A sua silhueta, no que hoje é a praça da Concórdia, anunciava os novos tempos, em que a imagem dissuasora do Inferno se tinha tornado caduca.
O povo chamava-lhe a "Viúva", como se essa morte mecânica significasse ao mesmo tempo o casamento in extremis com a Lei, contra o sentido de qualquer expiação.
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