"O meu tio" (1958-Jacques Tati)
"- Mas é tudo tão vazio!
- Oh, não! É moderno. Tudo comunica."
- Oh, não! É moderno. Tudo comunica."
"Mon oncle" (Jacques Tati)
Tati delicia-nos com o seu anti-modernismo bem intencionado.
Ele não perde uma oportunidade para troçar do último gadget e do arrivista que o incensa.
Os cães vadios, em que se misturam as classes e a irreverência urinária é da praxe, são o símbolo duma convivialidade que alguns homens perderam.
Hulot, esse homem-catástrofe que desarma a modernice, dependurado no seu eterno cachimbo, pela sua parte, insiste na vadiagem e, como Pessoa, continua a fugir a qualquer tentativa de o tornarem "fútil, casado e tributável".
Em vez da telefonia, prefere fazer reflectir o sol da sua vidraça sobre a gaiola da vizinha e ouvir a alegria dum canário.
Mas já não há burguesas a correr com o paninho para limpar os cromados do carro novo que o marido tira da garagem.
Esse ridículo de outro tempo é talvez o que nos faz sentir alguma simpatia por esse casal que se deixou capturar vivo numa prótese.
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