"A partir do momento em que o vazio genético fosse inteiramente decifrado (...), a humanidade estaria em condições de controlar a sua própria evolução biológica; a sexualidade apareceria então claramente como aquilo que é: uma função inútil, perigosa e regressiva."
(Michel Houellebecq)
Mas só a sexualidade? Não há dúvida de que, à medida que vamos 'decifrando' os fenómenos naturais tal como fazem sentido e têm uma lógica inatacável no seu 'modus operandi', experimentamos um acréscimo de poder sobre o funcionamento das coisas.
Ora, por muito complexa que seja essa competência, trata-se sempre de uma redução daquilo a que chamamos natureza. É como o 'homem-máquina' de Descartes levado ao máximo desenvolvimento que as técnicas de hoje permitem. Temos de pôr a vida entre parêntesis para que esse homem alcance a sua plenitude.
À luz desse reducionismo, a sexualidade 'explicada' é tudo o que Houellebecq diz, 'inútil, perigosa e regressiva'. Mas quando tivermos o 'mapa' completo do novo Homem-Máquina aparecerá ainda mais claramente que não conseguimos dar-lhe mais utilidade, 'segurança' ou progresso.
Estamos só (?) a resolver problemas, ainda que não pareça.
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