domingo, 19 de junho de 2016

PRESCRIÇÃO DA HISTÓRIA?


(Alain Badiou)


"A indecidibilidade de um acontecimento e a suspensão do seu nome são ambas características da política que hoje estão particularmente activas. É claro para um francês ou uma francesa que os acontecimentos de Maio 68 continuam a compreender uma aposta anónima ou não verificada. Mas mesmo a revolução de 1792 ou a revolução Bolchevique de 1917 permanecem em parte por decidir quanto ao que é por elas prescrito para a filosofia."


"Philosohy and truth" (Alain Badiou)

Se um acontecimento não se decide 'pela história' é porque existe uma 'vontade política' (ou filosófica) de explorar a jazida dos seus sentidos. Em termos práticos, trata-se de uma exploração que se poderia chamar de oportunística. Mas sabemos quanto a 'prática' pode ser a continuação da ideologia por outros meios.

A verdade é que todos os 'adquiridos' da história estão dependentes de um poder 'legitimador'. É isso o que nos diz o 'photoshopping' de Staline.

É nesse sentido que o 'Maio 68' não está 'fechado' e permanece umas das origens possíveis de novos eventos e novas ortodoxias. Sem prejuízo dos juízos 'definitivos' que, por exemplo, por estas bandas se fizeram, é possível dar-lhe um outro nome. E em relação a '1917', não é a pertinácia de uma crença contra os factos esmagadores, o melhor exemplo que apesar da implosão da 'grande mentira', o acontecimento está ainda disponível para um outro nome?

Para Badiou, evidentemente, a história não pode escrever em 'letra de forma'. Mas tampouco a filosofia, que não se pode encerrar na ilusão de 'dizer tudo o que há a dizer'.

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