domingo, 5 de junho de 2016

O GRANDE ANIMAL COMO MEDIUM

Stendhal (1783-1842)


A mãe de todas as revoluções, a de 1789, foi feita por homens comuns de que emergiram algumas personalidades excepcionais, toda uma galeria que, desde o Anjo da Morte Saint-Just, ao audacioso Danton e ao gélido advogado de Arras, superarem na tragédia o seu modelo romano.

Mas a massa que transformou o país e alimentou essa pavorosa guerra civil e que Bonaporte fez sangrar na "Grande Armée" e transformar em estátuas de gelo nas estepes russas, esses heróis, essas novas elites, eram individualmente o patético albatroz descrito por Stendhal ("Vie de Henry Brulard"):

"Não, a posteridade nunca saberá que energúmenos foram esses heróis dos boletins, e como eu ria recebendo o "Monitor" em Viena, Dresde, Berlim, Moscovo, que quase ninguém recebia no exército a fim de que não se pudesse troçar das mentiras. Os "Boletins" eram máquinas de guerra, trabalhos de campo e não peças históricas."

Assim, cada povo é um mistério para si próprio até ao momento do entusiasmo que o actualiza como animal colectivo, e em que os anjos e demónios tomam conta da terra.

Mc Luhan preconizava para a educação um único papel: o de corrigir o efeito dos media.

Ora, o mais primitivo e também o mais poderoso é sem dúvida o ser colectivo.

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