LUCIO CORNELIO TÁCITO
"Principes instar deorum esse." (Os imperadores são como os deuses)
(Tácito)
Este crime foi chamado de 'lesa majestade divina' em lei posterior. Não era crime reparar a estátua do imperador que estivesse arruinada pelo tempo, atingí-la com uma pedra por acaso, fundí-la se não tivesse sido consagrada, usar de meros insultos verbais contra o imperador, faltar ao cumprimento de um voto jurado pelo imperador ou decidir um caso contrariamente à constituição imperial."
in "Expansion of the law of treason under Tiberius" (Wikipedia e Encyclopædia Britannica)
Eram como os deuses, mas não inspiravam um terror sagrado. Era permitido beliscar a imagem do imperador, uma tolerância que faz lembrar a que os Ingleses têm para os que troçam da sua rainha. Mas o império e a própria 'era de Augusto', restringiram tais liberdades.
"Nos primeiros tempos da Antiga Roma, 'perduellio' era o termo para a ofensa capital de alta traição. Estava, sem rodeios, escrito assim na Lei das Doze Tábuas: "A Lei das Doze Tábuas ordena que aquele que provocou um inimigo ou entregou um cidadão ao inimigo deve ser punido com a pena capital."" (Paul Veyne)
Essa insegurança inicial voltou mais tarde a dominar o clima político, já não por causa de uma ameaça do exterior, mas devido à corrupção interna e à falta de crença nas instituições. A loucura atingiu em cheio os herdeiros da 'Gens Julia' e o governo arbitrário tornou-se a norma. A fórmula de Lord Acton talvez tenha sido inspirada pelo exemplo dessa extirpe: 'o poder absoluto corrompe absolutamente.'
Os imperadores deixaram de 'ser como os deuses'. Mas enquanto os Gregos tinham deixado de acreditar nos seus mitos por causa da filosofia e da livre discussão, os Romanos deixaram de acreditar nos seus por que lhes eram demasiado familiares, demasiado (in)humanos. É um exemplo de como as boas convenções dependem de crenças inatacáveis.
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