sábado, 18 de junho de 2016

MY PAST IS MY BUSINESS


(1983-Nagisa Oshima)

O beijo de Celliars (David Bowie), no filme de Nagisa Oshima. O sabre levantou-se sobre a cabeça do blasfemador, mas o guardião da ordem estava dividido no seu espírito.

A fraqueza do filme são os flash-backs. Lawrence diz que ninguém tinha razão quando punia em nome de princípios que considerava justos. Não eram universais, por isso não tinham razão. Mas eram princípios justos porque eram os deles. Baseavam-se numa tradição venerável.

O individualismo ocidental (my past is my business, diz Celliars) não justifica as ideias do Japão conservador que quer conciliar a delicadeza ancestral e o rigor militar. O hara-kiri é a justiça do colectivo assumida pelo suicida. Como se não houvesse salvação fora da obediência.

O capitão Yonoi considera que todos os prisioneiros são “honourable men” (já o sargento vê como uma vergonha que se mantenham em vida). Porém, quando o chefe inglês responde que não está disposto a fornecer ao inimigo informação sobre os peritos em armamento detidos no campo, o japonês retorque que vai dar a chefia a outro “honourable man”.

Por que é que neste embate de civilizações é o oriental que se mostra mais vulnerável? O ocidental é um cadinho de povos. É o espírito aberto do viajante e do peregrino. Pergunto-me se a célebre questão do monoteísmo do Ocidente não é uma espécie de razão das diferenças.

A outra sociedade, fechada e ainda politeísta, tinha que contrair a “peste”.

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