terça-feira, 17 de julho de 2007

UM DUQUE À LA PAGE


Dreyfus reabilitado


"O Duque decorava-se com a sua mulher mas não a amava. Muito "suficiente", detestava ser interrompido, além de no seu casamento ter o hábito de ser brutal com ela. Tremendo duma dupla cólera de mau marido a quem se responde e de grande falador que não se escuta, ele bruscamente parou e lançou à Duquesa um olhar que embaraçou toda a gente."

"Du côté de Guermantes" (Marcel Proust)


O Duque não é mau diabo, mas graças ao dinheiro e ao poder da sua casta perdeu informação importante sobre a sua humanidade.

Numa sociedade em rápida mutação, a sua veleidade em manter-se actualizado e "moderno" leva-o às mais ridículas contradições.

Sobre o caso Dreyfus, por exemplo, ao mesmo tempo que declara não ter qualquer preconceito de raça, considera um escândalo que o seu sobrinho tome partido pela inocência deste oficial de origem judaica.

O poder é um isolante que nada ensina sobre o mundo, inspirando, no melhor dos casos, algumas fábulas políticas sobre o uso do material humano.

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