domingo, 29 de julho de 2007

A DEFORMAÇÃO DO DUPLO



Do filme de Tarantino, "À prova de morte", saio com a impressão de que é só a violência que nos agarra à cadeira e que a imagem de marca deste realizador o está a encurralar neste único registo.

Mas tem de se fazer justiça ao jogo que a citação cinematográfica desempenha nos seus filmes. Nesta segunda parte, pensamos logo em "Thelma and Louise", de Ridley Scott, mas com um final paródico.

Por outro lado, há a fabulosa personagem de Kurt Russell e o significado da sua "deformação profissional". Como duplo, vivendo as cenas mais mortíferas como um simulacro, salta para a realidade numa confusão de códigos assassina. O paralelo com a violência virtual dos jogos electrónicos e de filmes como este não pode ser evitado.

É por isso que "à prova de morte" deve ser entendido à letra na boca deste "stuntman", visto que a morte nunca ocorre no virtual.

E a cena de pancadaria das mulheres com que termina o filme e o próprio comportamento de adolescente apanhado em falta evidenciado pelo assassino sugerem-nos que este é o nosso mundo e as suas fronteiras é que se tornaram indecisas.

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