sábado, 14 de julho de 2007

ARQUEOLOGIA DA JUSTIÇA



"É, de facto, no modo da queixa que penetramos no campo do injusto e do justo. E, mesmo no plano da justiça instituída, nos próprios tribunais, continuamos a comportar-nos como "queixosos" e a "apresentar queixa". Ora, o sentido da injustiça não é somente mais pungente, mas mais perspicaz do que o sentido da justiça; porque a justiça é muitas vezes aquilo que falta e a injustiça aquilo que reina. E os homens têm uma visão mais clara do que falta às relações humanas do que as maneiras de as organizar."

"Soi-même comme un autre" (Paul Ricoeur)


O paralelo com a arte médica, já relevado por Werner Jaeger na concepção do justo e do injusto na origem da filosofia, encontra aqui um eco retumbante.

Porque o modelo parece ser o do próprio corpo, que quando não está bem se queixa.

A saúde, pelo contrário, que podemos dizer dela? Podemos fazer dela um objectivo, ou o ideal da saúde é, na verdade, a luta contra as doenças e os males físicos ou psíquicos?

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