terça-feira, 10 de julho de 2007

O ODOR DO DINHEIRO


Lorenzo de'Medici reading surrounded by his family
Lithographie auf Chine appliqué.Royalty Trockenstempel.
Bei Charles Motte.Paris 1820


"O que é bastante divertido, disse ela, é que nesses capítulos onde as nossas tias-avós eram muitas vezes abadessas, as filhas do rei de França não teriam sido admitidas. Eram capítulos muito fechados. - Não eram admitidas as filhas do rei, mas porquê? perguntou Bloch estupefacto. "- Mas porque a Casa de França já não tinha quartos de nobreza suficientes desde que se tinha mal casado." O espanto de Bloch ia num crescendo. "Mal casado a Casa de França? Como assim?" - "Mas aliando-se aos Médicis", respondeu Mme. de Villeparisis com o tom mais natural."

"Le côté de Guermantes" (Marcel Proust)


É pouco dizer-se que este espírito de casta, este culto da genealogia e dos pergaminhos que tanto facilitavam a visão do mundo às classes outrora dominantes, não têm qualquer possibilidade de sobrevivência nos dias de hoje, em que os privilégios do indivíduo só duram o que durar o seu dinheiro e o seu poder.

Mas é até difícil compreendê-lo, senão como uma espécie de loucura hereditária que protegia um mundo mitológico de todo o turismo da razão.

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