terça-feira, 17 de julho de 2007

O SUPEREGO NÃO PERDOA


Jacques Derrida (1930/2004)


"Nesse momento, vê-se que a aceitação intelectual, teórica, filosófica, ideal ou ideável da interpretação analítica não basta para levantar o recalcamento, quer dizer, segundo Freud, a fonte última da resistência. O que tem ainda de ser vencido, é a compulsão de repetição(...). Freud nomeia então uma quinta resistência a do superego que opõe a culpabilidade à cura: a necessidade de ser punido pode tornar-se intransigente, a confissão ou a interpretação podem deslizar na superfície ou à volta desta resistência."

"Résistances de la Psychanalyse" (Jacques Derrida)


Esta bem pode ser uma forma mais subtil de tautologia, a exemplo da virtude dormitiva do ópio.

A análise falha a cura, apesar de aparentemente compreendida a história e a origem do recalcamento. Mas os sintomas repetem-se, sem apelo nem agravo, pondo em causa a parte útil da teoria.

O passe de mágica está na palavra compulsão. Voltamos à estaca zero com um suposto novo conhecimento: de que tem de ser assim.

O recurso, em última instância, ao superego, não sendo relevante para a cura, vale, assim, apenas como mito explicativo.

0 comentários: